pensamento e linguagem

“Se não fosse aquilo… nem sabia. O fio da idéia cresceu, engrossou – e partiu-se. Dificil pensar. Vivia tão agarrado aos bichos. Nunca vira uma escola. Por isso não conseguia defender-se, botar as coisas nos seus lugares.”
(Vidas Secas, Graciliano Ramos)

O que o Graciliano Ramos nos conta aqui é a dificuldade do analfabeto não apenas de se comunicar, mas de articular as idéias, de organizar um pensamento. O fio da idéia partiu antes de atingir sua plenitude.

Essa mesma dificuldade que Fabiano, protagonista da história, tem de pensar por lhe faltar uma linguagem que dê suporte, é descrita por Oliver Sacks no caso de surdos que nascem nesta condição, ou ficam surdos antes de aprender a se comunicar.

“Os surdos sem língua podem de fato ser como imbecis – e de um modo particularmente cruel, pois a inteligência, embora presente e talvez abundante, fica trancada pelo tempo que durar a ausência de uma língua. Assim, o abade Sicard está correto, além de ser poético, quando escreve que a introdução da língua de sinais ‘abre as portas da inteligência pela primeira vez’. Nada é mais prodigioso, ou mais digno de celebração, do que algo que liberta as capacidades de uma pessoa e lhe permite crescer e pensar”
(Vendo Vozes, Oliver Sacks)

Sacks está fazendo a defesa do ensino da linguagem de sinais, em oposição à técnicas de educação que emulam a linguagem falada como a leitura labial ou o uso de sinais para aprender um idioma. Afirma que a linguagem de sinais não apenas permite a comunicação, mas permite o pleno desenvolvimento do pensamento.

Ou seja, o pensamento não precisa se apoiar na palavra, mas em uma linguagem. No princípio não era necessariamente o verbo.

Mas não apenas isso. Devido ao uso da visão como meio de comunicação, quem se formou na linguagem de sinais desenvolve uma habilidade visual acima da média, comparada através de estudos à dos chineses, cuja complexidade dos ideogramas exige tal habilidade.

Por isso eu venho aqui arriscar uma extensão dessa idéia:
É necessário desenvolver diversas linguagens.

Todo mundo.

Nossa educação baseia-se na linguagem verbal e numérica, e no raciocínio escrito e falado, mas há outras linguagens: arte, desenho, escultur, música, dança, etc. Já foi comprovado que há uma pontencial habilidade visual que fica “trancada”. Assim como provavelmente há uma habilidade sonora/musical (já chegaram a afirmar que todos nascem com ouvido absoluto, mas a maioria perde essa habilidade nos primeiros anos de vida), ou uma corporal/gestual, etc.

Somos em grande parte ignorantes de nossas próprias potencialidades.

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2 Respostas to “pensamento e linguagem”

  1. vanessa Says:

    eu acho k cada um tem sua forma d pensar e descrever as koisas do jeito k elas sao……………………

  2. vanessa Says:

    obriigados por pensarem asssimm////////////////////////

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